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Papo com o autor: Profª Raquel Cabral

Atualizado: 3 de out. de 2023


Profª Raquel Cabral - Co-escritora do livro “Comunicação, contradições narrativas e desinformação em contextos contemporâneos”



Em 2020 o mundo vivenciou um dos desafios mais impactantes de sua história, a pandemia de Covid-19. O mundo parou por um tempo, e em meio a pausa forçada em que a sociedade foi submetida, vidas foram levadas, sonhos destruídos, negócios fecharam. Mas, a mutabilidade do ser humano se fez presente e com isso algumas mudanças surgiram: ensino remoto e home office, foram parte significativa dessa mudança para que escolas, universidades e a academia continuassem firmes.


Um exemplo da adaptação e persistência frente aos desafios impostos pelo período pandêmico é o livro “Comunicação, contradições narrativas e desinformação em contextos contemporâneos”, escrito pelas professoras da Raquel Cabral e Larissa Pelúcio, da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) de Bauru. A publicação foi realizada com o apoio da editora Gradus e do Programa de Pós-graduação em Comunicação (PPGCom) da Unesp com o financiamento do PROAP/Capes.


Raquel Cabral é professora da Pós-graduação da Faculdade de Arquitetura, Artes, Comunicação e Design (FAAC), e sua pesquisa junto com Larissa foi surpreendida com as mudanças perante a covid-19, assim ambas aceitaram o desafio de produzir uma obra que abordasse a temática da desinformação e fake news que se alastraram pelos espaços públicos no Brasil.

Segundo a professora, a desinformação em massa se tornou uma ameaça à democracia, o que fragilizou a construção de conhecimento e cidadania: “Narrativas que disseminavam informações falsas ou manipuladas impactaram diretamente a opinião pública, especialmente em relação à pandemia, às vacinas e outros assuntos de interesse público”, disse ela.


Além disso, a obra aborda o impacto da desinformação no fortalecimento da circulação de discursos de ódio, que somados à polarização política e a facilitação dos meios (internet), intensificou o preconceito contra determinados grupos sociais.


Em meio a tanta desinformação é fácil questionar se a verdade tem sido priorizada por quem a produz, conversamos sobre isso com Raquel, e ela explicou que a comunicação, da grande mídia ou não, não é totalmente neutra, assim como na ciência, onde isso também não acontece. Uma vez que é necessário fazer escolhas, por exemplo em como a narrativa será mostrada, qual é o enquadramento, que imagens e fotografias serão utilizadas e quais fontes serão ouvidas. Todas as escolhas que são feitas em uma produção revelam um posicionamento, portanto, toda comunicação representa uma visão parcial da realidade.


“Por isso, é difícil falar em “verdade” quando discutimos a grande mídia. É fato também que os meios de comunicação em geral atendem a objetivos específicos, muitas vezes, econômicos, culturais e/ou políticos. Nesses casos, a ideia de verdade também fica suspensa, já que tais narrativas podem representar a visão de uma elite e não a realidade de grande parte da população ", comenta. E reforçou que diante disso se mostra extremamente necessário o incentivo de leitura crítica da mídia, não só nas universidades mas também no ensino fundamental e médio.


É fato que o conteúdo do debate que a obra traz é imprescindível, mas além disso as organizadoras conseguiram com que a publicação fosse feita em dois idiomas: português e espanhol. Isso se deu devido a grande rede de contatos com pesquisadores latino-americanos e da Iberoamérica, Também possuem semelhanças em torno dos processos históricos e da Constituição política, o que facilita o processo de entendimento da desinformação nessas regiões e que facilita o diálogo entre pesquisadores.


“Do mesmo modo, em países de Iberoamérica, como Espanha e Portugal, algumas iniciativas nos chamavam a atenção em relação a ações comunicativas que buscavam o enfrentamento de processos de polarização política e discursos de ódio, especialmente contra imigrantes e outros grupos sociais”, disse Raquel.


“Comunicação, contradições narrativas e desinformação em contextos contemporâneos” é uma das obras acadêmicas que nos mostram parte das singularidades do viver moderno. Em meio a pandemia, polarização política e desinformação, a pesquisa e o aprofundamento acadêmico se mostram cada vez mais necessários, feitos de forma clara e objetiva.


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